quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A beleza do altar

Altar da Capela do Santíssimo, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro 

Interessante artigo publicado em 1938 numa revista italiana especializada em liturgia:

Coisas belas e coisas menos belas
Eusebio Vismara S.D.B.

Nas viagens que mencionei, celebrei em muitos altares. E vi o altar bonito, bem feito e bem cuidado: decorado sobriamente e com bom gosto e mantido com decoro e propriedade, acima de tudo limpo e alvo. E me alegrei. (...) A fé parece mais viva e na fé se reanima o amor. Um belo altar parece que faz a Missa mais bonita. (...)

Pela razão dos opostos - como dizem os filósofos - um altar feio produz um efeito diametralmente oposto. (...) Um sentimento de dor, de desgosto, às vezes mesmo de rejeição, ao se aproximar de um altar que não é o que deveria ser e não é cuidado de modo devido. A fé tem que brotar quase que por contraste, e a piedade não consegue triunfar se não for por um sentimento de indignação. A pessoa se sente mal. Tudo fica desagradável. Sente-se pena pelo próprio Jesus que vê o seu sacrifício maltratado e é constrangido a descer sobre esses altares, que até lembram o estábulo de Belém e a cruz do Calvário. Altares pobres e miseráveis. Mas não é sempre a pobreza e a miséria que os tornam feios. É o desmazelo, é a falta de atenção, é sobretudo a falta de cuidado e de limpeza. (...)

Eis então, caro Diretor, um segundo campo de batalha para a revista: o altar do Senhor. Campo onde se podem lutar muitas batalhas santas, começando com uma contra - não se assuste- as cruzes e crucifixos. Um novo iconoclasta? Nem de longe. É apenas por amor e pela honra da Cruz e do Crucifixo que eu proponho a guerra contra as cruzes e crucifixos. Estou me referindo aos crucifixos toscos e feios, às cruzes toscas e feias, que no altar não são o que deveriam ser; que não são o triunfo e sim a humilhação da Cruz e do Crucifixo.

De acordo com o pensamento da Igreja, a cruz em cada altar, e especialmente no altar-mor, deve ser dominante. (...) Mas há cruzes que quase ninguém vê, pouco visíveis para o sacerdote que celebra e para os que o ajudam. O crucifixo deve representar a figura adorável do Salvador. Mas às vezes parece uma desajeitada e tosca caricatura da pessoa divina de Jesus. (...)

São tão belas as coisas belas, por que buscar as coisas menos belas? E justo quando se trata da pessoa do Salvador? Pobre Jesus! Já foi pregado na cruz uma vez, e não basta! Foi vendido por trinta moedas de prata, e agora se abarata por umas poucas liras! (...)

Quando chegará o dia em que veremos que todos os altares são belos na casa de Deus? Como sempre, eu sonho! Eu sou e serei um eterno sonhador.

fonte: Muniat Intrantes, tradução Missa aos domingos

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